Segundo a agência de notícias Reuters, o comissário Joaquin Almunia afirmou que a compra de US$ 12,5 bilhões (equivalente a R$ 21,4 bilhões na cotação do dólar em 17 de fevereiro) "não levanta problemas de competição" em relação à concorrência. Isso não significa, claro, uma total aprovação para as futuras ações do combo Google + Motorola: disputas de patentes e estratégias de mercado estarão sob o olhar atento da Comissão Europeia para deixar tudo dentro da leis antitruste.
Aquisição poderá aumentar poder do Google na
guerra de patentes (Foto: Reprodução)
Tanto que, apesar de não ter visto maiores problemas para com a concorrência, a instituição norte-americana afirmou que "não hesitará em tomar as ações legais apropriadas para interromper qualquer uso anticompetitivo dos direitos do SEP [padrão essencial de patente, na sigla em inglês]". Não é à toa: ultimamente uma guerra tem sido travada entre grandes empresas, principalmente Samsung e Apple, mas incluindo várias outras no mercado, envolvendo os direitos sobre inúmeras tecnologias registradas.guerra de patentes (Foto: Reprodução)
Independentemente disso tudo, já são grandes vitórias para as duas empresas. "É um marco importante no processo de aprovação e nos deixa mais perto de fechar o acordo", disse Don Harrison, vice-presidente e Conselheiro Geral Adjunto do Google, em um post no blog oficial da companhia. "Estamos agora apenas esperando por decisões de algumas outras jurisdições antes que possamos fechar a transação", afirmou.
Harrison falou isso porque ainda faltam alguns processos regulatórios: a gigante ainda precisa de aprovação dos governos da China, Israel e Taiwan. Depois de tudo isso resolvido, aí sim poderão finalizar todo o processo.
"Como declaramos em agosto, a combinação do Google com a Motorola Mobility vai ajudar a supercarregar o Android. Vai também melhorar a competição e oferecer aos consumidores inovação mais rápida, escolhas maiores e experiências de usuário maravilhosas", finalizou o executivo.
O que muda com a fusão?
A priori, nada. Segundo o próprio Google, a aquisição não vai significar problemas para as empresas que utilizam o sistema operacional móvel da gigante de Mountain View. Pelo contrário: oficialmente o que ela espera é poder passar a integrar de uma maneira mais eficiente o software com o hardware terceirizado ao entender melhor este outro lado da cadeia de produção.
Não quer dizer, entretanto, que smartphones do tipo do Google Experience Device (GED), como o Nexus e o Nexus S, não possam vir, de agora em diante, exclusivamente da divisão 'Motorola'. Como estes são aparelhos-chave para exibir novas versões puras do Android, seria natural que os dispositivos começassem a sair de uma empresa do próprio Google.
Mas o fator principal para o Google tirar R$ 21,4 bilhões do bolso, segundo analistas, seria mesmo poder competir na guerra de patentes. De acordo com uma carta aberta da própria empresa, mesmo com a aquisição ela honrará o compromisso de continuar licenciando as tecnologias para terceiros, "com um royalty máximo de 2,25% do preço final do produto".
Para os funcionários da Motorola, aparentemente, não haverá grandes mudanças também. Segundo o Google, a divisão móvel da fabricante continuará funcionando normalmente como uma companhia separada. Pelo menos esta é a intenção inicial da companhia.
Para as concorrentes, no entanto, há o problema de acúmulo das patentes. Em julho do ano passado, a Apple e a Microsoft derrotaram o Google no leilão da extinta fabricante canadense Nortel Networks, dividindo mais de 6 mil registros por um valor de US$ 4,5 bilhões (ou R$ 7,7 bilhões de acordo, com a cotação atual). Com a aquisição da Motorola, a gigante da web pode rivalizar mais neste mercado, inclusive incorporando tecnologias no Android de maneira mais fácil.
Tablet Motorola Xoom vai receber Android 4.0 (Foto:
Divulgação)
Fim do Motoblur?Divulgação)
Para o consumidor, há alguns cenários possíveis. Recentemente a Motorola anunciou a disponibilidade da versão Ice Cream 4.0 do Android para seus aparelhos via atualização na web. O sistema chegará aos aparelhos mais robustos da fabricante, como o Droid Razr, o Bionic e o tablet Xoom. Não seria de se estranhar se a companhia conseguisse acesso mais rápido das próximas versões do software no futuro, permitindo atualizações com menos demora em relação ao lançamento de GEDs.
Outra grande probabilidade é de chegarem ao mercado mais aparelhos com o Android puro, sem a modificação Motoblur - que pode agradar alguns, mas dificulta a atualização de outros dispositivos com novas versões do OS. Ou ainda ter essa personalização de maneira mais integrada com o sistema, funcionando mais leve e mais rapidamente.
O certo é que isso poderá até acirrar a disputa entre os fabricantes de aparelhos com Android ou mesmo com a Apple, já que a Maçã de Tim Cook parece ter entrado de cabeça também na briga de patentes. Se isso tudo vai significar dispositivos melhores e mais baratos, no entanto, só o tempo dirá.
(Fonte - TechTudo)
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