sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Google prestes a concluir aquisição da Motorola Mobility: entenda o que muda

Seis meses após o anúncio da proposta de compra da Motorola Mobility, o Google deu dois importantes passos rumo à finalização da transação. Praticamente ao mesmo tempo, apenas com horas de diferença, a Comissão Europeia e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos aprovaram a aquisição no início da semana passada. Mas ao contrário do que se possa imaginar, isso não significa que o foco será em hardware: a gigante da web poderá ficar com muito mais poder de fogo no mercado de patentes.
Segundo a agência de notícias Reuters, o comissário Joaquin Almunia afirmou que a compra de US$ 12,5 bilhões (equivalente a R$ 21,4 bilhões na cotação do dólar em 17 de fevereiro) "não levanta problemas de competição" em relação à concorrência. Isso não significa, claro, uma total aprovação para as futuras ações do combo Google + Motorola: disputas de patentes e estratégias de mercado estarão sob o olhar atento da Comissão Europeia para deixar tudo dentro da leis antitruste.
Aquisição poderá aumentar poder do Google na guerra de patentes (Foto: Reprodução) 
Aquisição poderá aumentar poder do Google na
guerra de patentes (Foto: Reprodução)
Tanto que, apesar de não ter visto maiores problemas para com a concorrência, a instituição norte-americana afirmou que "não hesitará em tomar as ações legais apropriadas para interromper qualquer uso anticompetitivo dos direitos do SEP [padrão essencial de patente, na sigla em inglês]". Não é à toa: ultimamente uma guerra tem sido travada entre grandes empresas, principalmente Samsung e Apple, mas incluindo várias outras no mercado, envolvendo os direitos sobre inúmeras tecnologias registradas.
Independentemente disso tudo, já são grandes vitórias para as duas empresas. "É um marco importante no processo de aprovação e nos deixa mais perto de fechar o acordo", disse Don Harrison, vice-presidente e Conselheiro Geral Adjunto do Google, em um post no blog oficial da companhia. "Estamos agora apenas esperando por decisões de algumas outras jurisdições antes que possamos fechar a transação", afirmou.
Harrison falou isso porque ainda faltam alguns processos regulatórios: a gigante ainda precisa de aprovação dos governos da China, Israel e Taiwan. Depois de tudo isso resolvido, aí sim poderão finalizar todo o processo.
"Como declaramos em agosto, a combinação do Google com a Motorola Mobility vai ajudar a supercarregar o Android. Vai também melhorar a competição e oferecer aos consumidores inovação mais rápida, escolhas maiores e experiências de usuário maravilhosas", finalizou o executivo.
O que muda com a fusão?
A priori, nada. Segundo o próprio Google, a aquisição não vai significar problemas para as empresas que utilizam o sistema operacional móvel da gigante de Mountain View. Pelo contrário: oficialmente o que ela espera é poder passar a integrar de uma maneira mais eficiente o software com o hardware terceirizado ao entender melhor este outro lado da cadeia de produção.
Não quer dizer, entretanto, que smartphones do tipo do Google Experience Device (GED), como o Nexus e o Nexus S, não possam vir, de agora em diante, exclusivamente da divisão 'Motorola'. Como estes são aparelhos-chave para exibir novas versões puras do Android, seria natural que os dispositivos começassem a sair de uma empresa do próprio Google.
Mas o fator principal para o Google tirar R$ 21,4 bilhões do bolso, segundo analistas, seria mesmo poder competir na guerra de patentes. De acordo com uma carta aberta da própria empresa, mesmo com a aquisição ela honrará o compromisso de continuar licenciando as tecnologias para terceiros, "com um royalty máximo de 2,25% do preço final do produto".
Para os funcionários da Motorola, aparentemente, não haverá grandes mudanças também. Segundo o Google, a divisão móvel da fabricante continuará funcionando normalmente como uma companhia separada. Pelo menos esta é a intenção inicial da companhia.
Para as concorrentes, no entanto, há o problema de acúmulo das patentes. Em julho do ano passado, a Apple e a Microsoft derrotaram o Google no leilão da extinta fabricante canadense Nortel Networks, dividindo mais de 6 mil registros por um valor de US$ 4,5 bilhões (ou R$ 7,7 bilhões de acordo, com a cotação atual). Com a aquisição da Motorola, a gigante da web pode rivalizar mais neste mercado, inclusive incorporando tecnologias no Android de maneira mais fácil.
Tablet Motorola Xoom vai receber Android 4.0 (Foto: Divulgação) 
Tablet Motorola Xoom vai receber Android 4.0 (Foto:
Divulgação)
Fim do Motoblur?
Para o consumidor, há alguns cenários possíveis. Recentemente a Motorola anunciou a disponibilidade da versão Ice Cream 4.0 do Android para seus aparelhos via atualização na web. O sistema chegará aos aparelhos mais robustos da fabricante, como o Droid Razr, o Bionic e o tablet Xoom. Não seria de se estranhar se a companhia conseguisse acesso mais rápido das próximas versões do software no futuro, permitindo atualizações com menos demora em relação ao lançamento de GEDs.

Outra grande probabilidade é de chegarem ao mercado mais aparelhos com o Android puro, sem a modificação Motoblur - que pode agradar alguns, mas dificulta a atualização de outros dispositivos com novas versões do OS. Ou ainda ter essa personalização de maneira mais integrada com o sistema, funcionando mais leve e mais rapidamente.
O certo é que isso poderá até acirrar a disputa entre os fabricantes de aparelhos com Android ou mesmo com a Apple, já que a Maçã de Tim Cook parece ter entrado de cabeça também na briga de patentes. Se isso tudo vai significar dispositivos melhores e mais baratos, no entanto, só o tempo dirá.
(Fonte - TechTudo)

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