Jon "Maddog" Hall de volta ao palco do FISL (Foto: Nick Ellis)
O importante é conhecer bem o mercado, saber quem são os seus
concorrentes, e entender qual é o valor agregado do seu trabalho. Um
plano de negócios completo é essencial, com planos de marketing e
análise de cash flow. Caso contrário você pode falir, ou ter que vender
seu produto para um investidor.Também é importante saber o que você irá fazer depois que o projeto estiver pronto. “Você vai querer fazer isto para sempre, ou pretende vender para criar outro negócio?”, perguntou Hall. Ele cita o caso de Mark Shuttleworth, que vendeu sua empresa de segurança para a Verisign por vários milhões de dólares, e depois de pagar uma fortuna para se tornar um turista especial a bordo da nave russa Soyuz, resolveu criar o Ubuntu.
Jon "Maddog" Hall (Foto: Nick Ellis)
Falando sobre a sua própria estratégia de saída, Hall abusou do bom
humor: “Muitos acham que eu já estou senil, e esta pode ser considerada a
minha estratégia de saída”.Apesar de muitas pessoas trabalharem com software livre por paixão, para resolverem um problema específico que tenham ou até mesmo para tentar melhorar ou adicionar novas funções a um programa que usem e gostem, existem muitas pessoas que estão nisto para ganhar dinheiro, e não existe nada de errado nisto, garantiu Hall: “Richard Stallman, em todos os anos que eu o conheço, nunca disse que você não poderia ganhar dinheiro com seu software, só que depois que o programa estivesse pronto, ele deveria ser licenciado como software livre, como forma de proteger o cliente.”
“Em 42 anos de vida profissional, eu nunca encontrei 2 problemas de negócios que fossem iguais. As empresas de software amam software proprietário, pois ele permite que você tenha lucros altos com um investimento baixo. A produção de software proprietário é como imprimir dinheiro”, disse Hall. O Brasil pirateia cerca de 84% dos seus aplicativos desktop, e o Vietnã 94%. Mesmo assim, o Brasil envia 1,5 bilhões de dólares todo ano, pelo programas que efetivamente são comprados.
Hall justificou seu apelido “Maddog” ao falar sobre a Microsoft: “Hoje em dia, quando você compra um programa da Microsoft, ele não pertence a você, e sim a empresa, e na prática você está sustentando pessoas como Bill Gates e Larry Ellison. Enquanto isto, o hardware está cada vez mais barato e mais poderoso. Acredito que estamos voltando ao tempo de software como serviço.”
Quando ele era jovem, Jon teve um professor que lhe disse que ele nunca iria conseguir se sustentar sendo um programador de software. “Ainda estou tentando descobrir se ele estava certo”, disse Hall, levantando risadas da platéia. Apesar da piada, este assunto é muito sério para Maddog: “Quando o Brasil compra programas de software proprietário, está gastando um dinheiro que poderia ser usado para pagar para os programadores locais.”
Jon "Maddog" Hall (Foto: Nick Ellis)
Jon acredita que a maioria das pessoas não quer produtos, e sim
serviços: “Ninguém quer ter um carro em Nova York, pois isto é um
transtorno, já que não existem vagas, mas todos gostariam de ter uma
limousine com um motorista. Eu não gosto de cozinhar, mas adoro comer
boa comida, entrar em um restaurante e ser bem atendido”.Nas palavras de Jon Hall: “Os desenvolvedores de talento devem ser muito valorizados, pois realizam um serviço altamente qualificado, como se fossem um neurocirurgião. Você não paga caro a um neurocirurgião pelo tempo que ele passa dentro da sala de operação, e sim pelos 38 anos que ele se preparou para saber onde tem que fazer a incisão”.
Ele citou o caso da Caixa Econômica Federal, que usava um software proprietário para gerenciar seu sistema de loterias, pagando 1 milhão de dólares por mês pela licença. Dinheiro não era problema, mas se a Caixa queria incluir um novo jogo no sistema, isto levava cerca de 10 meses. A solução foi simples, contratar três programadores que desenvolveram uma solução usando software livre, e hoje em dia é possível incluir um novo jogo em apenas 3 semanas. “Qual o valor deste software? Usando o software livre você pode ter uma solução adequada ao seu problema, que pode ser personalizada da noite para o dia para atender as necessidades do seu cliente, o que tem um valor imenso”, completou Hall.
Cerca de 80% de todo o software escrito no mundo são programas não comerciais, não embalados. Jon Hall contou o caso da ProjectDotNet, uma empresa que tinha mais lucros dando suporte e treinamentos do que vendendo seu programa. Eles disponibilizaram o aplicativo como software livre, e isto aumentou muito a quantidade de clientes, o que gerou muitos lucros em suporte, fazendo a empresa se tornar mais lucrativa do que nunca. “Esta é a promessa do software livre”, concluiu Jon “Maddog” Hall.
(Fonte - TechTudo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário